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sábado, 15 de janeiro de 2011

Produção textual

Escolha dois textos e os analise identificando: qual o gênero, quem escreveu, porque escreveu, a quem se destina e qual a finalidade?

TEXTO 1:
Anúncio de Zoornal
Vende-se uma casa
De cachorro pequinês
Dê um osso de entrada
E trinta a cada mês.
CAPARELLI, Sergio. Come vento. Porto Alegre: L&PM, 1988. p.11

TEXTO 2:
TREZENTAS ONÇAS
A estrada estendia-se deserta; à esquerda os campos desdobravam-se a perder de vista, serenos, verdes, clareados pela luz macia do sol morrente, manchados de pontas de gado que iam se arrolhando nos paradouros da noite; à direita, o sol, muito baixo, vermelho-dourado, entrando em massa de nuvens de beiradas luminosas.
Nos atoleiros, secos, nem um quero-quero: uma que outra perdiz, sorrateira, piava de manso por entre os pastos maduros; e longe, entre o resto de luz que fugia de um lado e a noite vinha, peneirada, do outro, alvejava a brancura de um joão-grande, voando, sereno, quase se mover as asas, como numa despedida triste, em que a gente também não sacode os braços...
Foi caindo uma aragem fresca; e um silêncio grande em tudo.
LOPES NETO, J. Simões. Trezentas onças. In Contos gauchescos. Obra Completa. Porto Alegre: Sulina, 2003,p.309.

TEXTO 3:
LASANHA À RECESSÃO GRATINADA
INGREDIENTES
1 membro presidencial da Academia de Letras
1 pitada de violência
1 ano de salário congelado
2 salários de fome (vulgo salário mínino)
5 cidadãos desnutridos crus
5 baldes de promessa do tipo “prometo zelar pelos interesses do povo brasileiro sem jamais pensar em interesses pessoais”
3 tabletes de clichês famosos como “O Brasil é um gigante adormecido”
MODO DE PREPARAR
Deixe de molho por algumas horas, nos baldes de promessas, o ingrediente presidenciável, os salários de fome e os cidadãos desnutridos crus. Agora refogue o salário congelado com a pitada de violência. Misture todos os ingredientes e leve ao forno quente para gratinar por duas horas. Polvilhe com clichês famosos e sirva em poções mínimas.
(retirado da internet, com adaptações)
TEXTO 4:
A cigarra e as formigas – A formiga Má
Já houve, entretanto, uma formiga má que não soube compreender a cigarra e com dureza repeliu de sua porta. Foi isso na Europa, em pleno inverno, quando a neve recobria o mundo com o seu cruel manto de gelo. A cigarra, como de costume, havia cantado sem parar o estio inteiro, e o inverno veio encontra-la desprovida de tudo, sem casa onde abrigar-se, nem folhinhas que comesse. Desesperada, bateu à porta da formiga e implorou – emprestado, notem! – uns miseráveis restos de comida. Pagaria com juros altos aquela comida de empréstimo, logo que o tempo o permitisse. Mas a formiga era uma usuária sem entranhas. Além disso, invejosa. Como não soubesse cantar, tinha ódio à cigarra por vê-la querida de todos os seres. – Que fazia você durante o bom tempo? – Eu... eu cantava!... – Cantava? Pois dance agora, sua vagabunda! – e fechou-lhe a porta no nariz. Resultado: a cigarra ali morreu esticadinha; e quando voltou a primavera o mundo apresentava um aspecto mais triste. É que faltava na música do mundo o som estridente daquela cigarra morta por causa da avareza da formiga. Mas se a usuária morresse, quem daria pela falta dela?
Os artistas - poetas, pintores e músicos – são as cigarras da humanidade.

TEXTO 5:
MÁQUINA DE COSTURA Antiga, Singer, funcionando, c/pé de ferro desenhado + pé de máquina costura desenhado, com tampo de mármore + escrivaninha antiga c/3 gavetas tampo que abre. Conjunto R$ 400,00
Tr: 7777 7777

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011





ai se sesse

Gêneros Textuais



Com base nas discussões em sala de aula e no vídeo sobre Gêneros Textuais, observe o quadro no link abaixo e reflita como se dá essa produção no seu cotidiano. Fique à vontade e escreva um relato daquelas de maior ocorrência na sua vida, ou seja, àquelas que você tem maior contato.

http://www.franscarmo.com.br/2009/arquivos-download/material-de-apoio/generos-textuais-fund-em.pdf

Poesia Matemática



Às folhas tantas
Do livro matemático
Um quociente apaixonou-se
Um dia doidamente
Por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
E viu-a, do Ápice à Base,
Uma figura ímpar;
Olhos rombóides, boca trapezóide,
Corpo octogonal, seios esferóides.
Fez da sua
Uma vida
Paralela a dela
Até que se encontraram
No Infinito.
“Quem és tu?”, indagou ele
Com ânsia radical.
“Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa.”
E de falarem descobriram que eram
— O que, em aritmética, corresponde
As almas irmãs —
Primos-entre-si.
E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz
Numa sexta potenciação
Traçando ao sabor do momento
E da paixão
Retas, curvas, círculos e linhas sinoidais,
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidianas
E os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas
E, enfim, resolveram se casar
Constituir um lar:
Mais que um lar,
Uma Perpendicular.
Convidaram para padrinhos
O Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro
Sonhando com uma felicidade
Integral e Diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones
Muito engraçadinhos
E foram felizes
Até aquele dia em que tudo, afinal,
Vira monotonia.
O Máximo Divisor Comum
Freqüentador de Círculos Concêntricos.
Viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
Uma Grandeza Absoluta,
E reduziu-a a um Denominador Comum.
Ele, Quociente, percebeu
Que com ela não formava mais um Todo,
Uma Unidade. Era o Triângulo,
Tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era a fração
Mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade
E tudo que era espúrio passou a ser
Moralidade
Como, aliás, em qualquer Sociedade.
Millor Fernandes

Livros, livros...Ah os livros...


“Na verdade, acho que as crianças deveriam aprender a ler nos livros do Hegel e em longos tratados de metafísica. Só elas têm a visão adequada à densidade do texto, o gosto pela abstração e tempo disponível para lidar com o infinito. E na velhice, com a sabedoria acumulada numa vida de leituras, com as letras ficando progressivamente maiores à medida que nossos olhos se cansavam, estaríamos então prontos para enfrentar o conceito básico de que vovô vê a uva, e viva o vovô. Vovô vê a uva! Toda a nossa inquietação, nossa perplexidade e nossa busca terminariam na resolução deste enigma primordial. Vovô. A uva. Eva. A visão. Nosso último livro seria a cartilha. E a nossa última aventura intelectual, a contemplação enternecida da letra A. Ah, o A, com suas grandes pernas abertas.”
Luis Fernando Veríssimo